sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O papel da limitações, da sorte e da análise na Magia



Segundo Tio Crowley magia é "mudança de acordo com a vontade".
Muitas pessoas que estudam o oculto pensam que apenas querer é poder e focam-se apenas no ponto B, o objectivo.
Cada pessoa têm de descobrir o seu ponto A. Cada pessoa têm de descobrir o seu ponto partida e por consequência o seu caminho.
Uma pessoa que tenha ponto A = "elevada estatura" pode manifestar o ponto B = "jogar na principais equipas NBA".
Algumas pessoas tiveram a sorte de nasceram altas e por isso puderam realizar o sonho delas de sonharem na NBA. Ou será que foi porque elas nasceram altas que tiveram o sonho de sonhar na NBA? Será que existem muitos anões que sonham jogar na NBA?
O ponto A é feito de metade sorte e de metade esforço/controlo pessoal. 

Ou por outras palavras, a magia é transformação de uma realidade em outra realidade.
Para uma coisa ser transformada em outra coisa têm de haver um ponto de ligação ou um caminho que ligue de A em B.

No entanto a magia também envolve o ponto A, que representa as nossas actuais potencialidades. 

O ponto de A varia de pessoa para pessoa porque cada pessoa têm as suas próprias possibilidades e impossibilidades.

Por outro lado uma pessoa com ponto A = "baixa estatura" nunca pode atingir o ponto  B = "jogar na principais equipas NBA".

Eu acho que não. 
As nossas circunstâncias, que são muitas vezes são fruto do acaso, formam a nossa vontade.

Muitas pessoas têm dificuldade em assumir que sorte assume um papel não desprezível.


Carta Tarot Roda da Fortuna

Um destino, que não escolhido por nós, empurrou-nós para algumas situações que por sua vez contribuíram para formação do nosso ponto A.

Eu até digo uma coisa mais:
Regra geral a medida que envelhecemos o nosso ponto A parece ficar cada vez mais limitado.
Por exemplo, quando somos crianças podemos escolher entre dezenas de profissões, mas quando envelhecemos não temos a mesma flexibilidade de escolha que tinhamos em criança e é difícil de mudarmos profissão.

O ponto A pode ser relacionado ao passado A e o B ao futuro.
Uma criança têm pouco A (passado) e um grande B (futuro) pela frente.
Já uma pessoa de idade têm um grande A (passado) e menor B (futuro) pela frente.

Há quem diga que a nossa personalidade forma-se até aos 20 anos e não se altera desde de então.
Há quem diga que temos disposição inata de personalidade desde nascença como por exemplo tendência a introversão ou a extroversão. E se nascemos de forma e não de outra depende da lotaria dos genes.

Assim existe uma parte do ponto A que está definido a muito tempo e a espera de ser reconhecido.

O passado a parte que está definida e fixa é muito importante para fazer mudanças acontecerem.
Ir contra o que já existe e ir contra o que já somos é como ir contra natureza e as leis naturais.

"Você não consegue ligar os pontos olhando pra frente; você só consegue ligá-los olhando pra trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Esta abordagem nunca me desapontou, e fez toda diferença na minha vida." - Steve Jobs, Discurso de Standford

O ponto A precisa de se polarizado para se atingir um ponto B. Quem nada se decide, nada realiza. Quem apreende nenhum ofício, não faz nenhuma obra.

O meu conselho é procurem a polarização o mais rápido possível. Tomem uma decisão nem que seja arbitrária, mas decidam-se por algo.  Abracem a sorte, abracem um destino.

Os genes pesa na magia. O passado pesa.  O meio que está a nosso redor pesa. A sorte e aleatoriedade pesam na magia. 
Os nossos genes, o passado, o meio envolvente e a sorte limitam o tipo de magia que devemos fazer.

Como o Tio Crowley disse no seu sétimo teorema de magia "Todo homem e toda mulher têm um curso, dependendo em parte do indivíduo e em parte do ambiente, que é natural e necessário para cada um. Qualquer um que seja forçado a sair de seu próprio rumo por não compreender a si mesmo ou por oposição externa, entra em conflito com a ordem universal e sofre de acordo."

Um idiota hippie imaturo vai sempre dizer que os genes, o passado  e qualquer circunstância com certo grau de fixidez não interessam para nada, pois tudo que importa neste preciso momento para ele fazer a magia acontecer é o poder soberano da vontade dele que submete todo o universo a seus pés.

Querer por si só não é poder. Sem dúvida que Querer é importante, mas como Eliphas Levi disse Saber também é.

O que pediu Salomão a Deus? Conhecimento.

A magia envolve uma fase de análise, onde analisamo-nos as nossas mesmos e o ambiente em que nós encontramos imersos.
Até podemos perguntar filosóficamente, qual é o ponto onde acaba o ambiente e onde tu começas e vice-versa?
  
Para mim a frase do Oráculo de Delphos "conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses" não é somente uma frase cliche. 
Superficialmente ele parece dizer apenas que o elemento divino está em nós.
Mas se analisarmos a frase com mais atenção vemos que esse poder divino vêm do nosso auto conhecimento.

Uma análise é a distinção e a separação das partes de um todo com vista a conhecer os respectivos princípios ou elementos.
Ao analisarmos a nós mesmos procuramos descobrir as partes que definem que somos e onde estamos.

O que é mais parte mais difícil de descobrimos e aceitarmos em nós mesmos?
Os nossos defeitos, as nossas limitações e as nossas dificuldades.   
Uma análise profunda leva-nos aos nossos podres e partes não tão divinas.
Se alguém quiser realmente conhecer-se a si próprio têm de ser brutalmente honesto e isso vai doer.

Há duas vias para obter autoconhecimento. A primeira é descobrires directamente quem és. A segunda é descobrires indirectamente quem és a partir de saberes quem certamente não és.

Exemplo 1:

Não sou um Deus. Não sou omnipresente, nem omnisciente ou omnipotente.

Há quem tente fazer magia partindo do principio que é Deus. Deus é aquele ser que é omnipotente, omnipresente e omnisciente. 

Eu não assumo a priori que sou Deus. O universo possui algumas constrições, eu possuo outras tantas constrições e eu devo prestar muita atenção a elas se quero realizar magia eficaz.

Eu nunca assumo que vou obter controlo total sobre universo (falta de omnipotência). Haverão sempre eventos aleatórios fora do meu controlo que irão influenciar a minha vida. Uma vezes terei sorte, e outras azar. O melhor que posso fazer nas medidas das minhas capacidades é moldar-me conforme o azar e a sorte e girar a volta juntamente com a roda do destino.

Eu nunca poderei estar em todo lado ao mesmo tempo (falta de omnipresença). Pelo contrário, eu devo polarizar e centrar-me num lugar em especifico se quiser manifestar alguma coisa em particular.

Quando realizo um ritual eu nunca vou ser ao certo o que vai acontecer (falta de omnisciência). Por exemplo, eu gosto de comparar sigilos a ovos do kinder supresa. Alguns funcionam, outros não, e alguns dos que funcionam muitas vezes não funcionam exactamente da forma que esperava.