terça-feira, 19 de abril de 2016

São os espíritos um aspecto de nós mesmos?


Não é segredo  nenhum que vários escritores esotéricos que afirmaram que os espíritos são porções de nós mesmos.

O infame Aleister Crowley o afirmou algumas vezes.

Ora vejamos:

“ The spirits of the Goetia are portions of the human brain.”
Tradução: "Os espíritos da Goetia são porções do cérebro humano."
- Aleister Crowley na introdução a Goetia

"Thus, when we say that Nakhiel is the "Intelligence" of the Sun, we do not mean that he lives in the Sun, but only that he has a certain rank and character; and although we can invoke him, we do not necessarily mean that he exists in the same sense of the word in which our butcher exists"
Tradução
Assim, quando dizemos que Nakhiel é a "inteligência" do Sol, não queremos dizer que ele vive no Sol, mas apenas que ele tem um certo nível e caráter; e, embora nós podemos invocá-lo, não significa necessariamente que ele existe no mesmo sentido da palavra, em que existe o nosso açougueiro/talhante.
- Aleister Crowley, Liber ABA, capitulo 0

"When we "conjure Nakhiel to visible appearance," it may be that our process resembles creation --- or, rather imagination --- more nearly than it does calling-forth. "
Tradução:
Quando nós "evocamos Nakhiel à aparência visível", pode ser que o nosso processo assemelha-se a criação --- ou melhor imaginação --- mais de perto do que uma chamada da entidade para aqui.
- Aleister Crowley,  Magick in Theory and Pratice


Numa resposta em Magick Without Tears, ele diz ao seu correspondente, que acabara de escrever para ele que os arcanjos e Senhores Elementais "estão o observando": "você inventou esses seres sem nenhum propósito melhor do que a espiá-lo?" (Afirmando que essas entidades são "inventadas" pelo praticante e são realmente representantes de partes da pessoa, o que coloca esta afirmação - escrito por volta de 1947 - na mesma categoria que os "espíritos da Goetia são porções do cérebro humano", escrito quarenta anos antes disso - o que realmente mostra a consistência na posição de Crowley


Eliphas Levi também afirmou algo similar no livro Ciência dos Espíritos. Ele disse que esse fenómeno deveria denominar de fotografia mental:
"" Quase toda a verdade sobre as mesas giratórias encontra-se muito simples e clara em uma carta de um sábio anônimo que cita M. A. Morin. "Crede, diz o sábio, que não existem nas mesas nem espíritos, nem fantasmas, nem anjos, nem demônios; mas há tudo isso se quiserdes, quando quiserdes, e como quiserdes, já que isso depende de vossa força de imaginação, de vosso temperamento, de vossas crenças íntimas, antigas ou novas...
Ora! o fenômeno em questão, que se deveria denominar fotografia mental, não produzia somente as realidades, mas também os sonhos de nossa imaginação, com uma fidelidade tal, que nos enganamos, não podendo distinguir uma cópia feita ao vivo de uma outra feita a partir da imagem... Da mesma forma que a
fotografia solar reproduz com uma fidelidade desesperadora os sinais e as verrugas de um rosto, a fotografia astral reproduz o nada das frívolas comunicações, a temeridade das conjeturas e os erros dos pensamentos tolos. ""

Portanto segundo Eliphas Levi, os espíritos também são uma porção do nosso subconsciente.

Em Chaos Magick acredita-se em certas técnicas que permitem a criação de seres artificiais chamados de servidores/ servitors.
De fato na amazon existem livros inteiros dedicados a esse tema:

Mas se existem espíritos são apenas uma parte de nós mesmos, porque não a referenciamos logo directamente?

Ramsey Dukes, um conhecido autor de chaos magick faz uma observação interessante no seu livro 

SSOTBME Revised - an essay on magic:


"Pergunta: "Sr. Dukes, por que é que neste e em outros escritos você insiste em personificar processos complexos como "demônios" ou espíritos '. não é isto é apenas um tiro de volta para superstições do passado?

Resposta:. "Isso depende se você acredita que o cérebro superior do homo sapiens foi desenvolvido para lidar com ferramentas, ou relacionamentos sociais Se você acredita que os processos mais complexos que têm de lidar são os nossos companheiros seres humanos, então uma maior capacidade intelectual está disponível para os problemas da vida quando você antropomorfizar-los "

Antropomorfização de Deus

"
Segundo a definição de Crowley "magia é mudança de acordo com a vontade".
Ora como operamos a mudança?
Para mim um dos ingredientes essenciais é o caos. É essencial trazemos um pouco de caos para nós porque se continuarmos sempre a fazer as mesmas coisas (ou atrair as mesmas energias) vamos obter sempre os mesmos resultados.
Então o caos, esta energia criativa que na Cabala é representada pela Sephira Chokmah, é  algo a ser procurado. E se trazemos o caos temos de estar equipados para lidar com o caos.

Qual é uma coisas mais imprevisíveis do universo?
Os seres humanos.

Não podes definir um conjunto leis que preveja com exactidão o comportamento dos seres humanos porque eles não são seres totalmente mecânicos.
Por isso, é que certas ciências sociais/econômicas em certa medida são consideradas um fracasso  se as comparamos com as ciências ciências exactas/ciências matemática.

Assim possuímos o nosso cérebro social que está preparado para lidar uma das coisas imprevisíveis do universo - os outros seres humanos. Então penso que não devemos subestimar o poder de antropomorfizar certas energias.

O oculto sempre esteve relacionado com a exploração poderes ocultos. Quem sabe se o nosso cérebro social não possuem um poder oculto explorado por poucos?

Antropomorfização da Morte


Sem comentários:

Enviar um comentário